Unindo arquitetura e design, Fernanda Marques apresenta nova linha de mobiliário
Explorando conexões entre arquitetura, arte e design, a arquiteta e designer Fernanda Marques apresenta em sua primeira participação na SP Arte, uma retrospectiva e seus mais recentes trabalhos na área de mobiliário.
São produtos que assinalam um momento de reflexão da designer sobre a natureza singular do território brasileiro, em confronto com nossa realidade produtiva, bem como com as necessidades do habitar contemporâneo.
Na coleção de mesas Serras, por exemplo, Fernanda Marques lança um olhar atento e investigativo sobre dois aspectos essenciais à produção contemporânea de design: a materialidade e o artesanato. Tomada como matéria-prima primordial, a madeira determina a maioria das superfícies e a estrutura. Pontuando cada peça, mármore e metal, por sua vez, reafirmam a organicidade do desenho. Por meio de linhas assimétricas, desenho orgânico e inserções de materiais com texturas realçadas, os móveis têm com referência o relevo da Serra do Mar, trecho de floresta tropical, que separa São Paulo e Rio de Janeiro.
Outro móvel apresentado, o sofá Landscape, é uma referência a paisagem brasileira, em constante mudança, que se adapta e se transforma com o tempo. O móvel possui um desenho integral. Não existem ‘costas’, nem a obrigação de encostar a peça na parede. Já na chaise lounge Fly, a imaginação da designer se volta para a leveza de uma folha que acaba de se soltar de um dos galhos de uma árvore. E o resultado surge na forma de um móvel sólido e elegante, com estrutura formada por duas rochas – de madeira – que formam os pés, e assento definido por ela como uma “lâmina” estofada. Uma poltrona generosa.
Assim é a Maxx, uma peça, a um só tempo, macia e sólida, mais uma integrante coleção de mobiliário, desenvolvida, inicialmente, para compor a vitrine do showroom da marca em Dubai, nos Emirados Árabes, mas que acabou ganhando autonomia, graças, por certo, a sua concepção muito particular de design, na qual desenho e conforto caminham lado a lado.
Por fim, na linha de mesas Gravetos, as formas orgânicas voltam a ganhar espaço no imaginário da designer, que, sem estabelecer distinções entre o geometrismo abstrato e o abertamente figurativo, volta seus olhos para a natureza, sugerindo galhos que delicadamente se debruçam e tocam a superfície de um rio.
Executadas em metal, e submetidas à modelagem e desenvolvimento em 3D – para que reproduzissem os gravetos da forma mais real possível, e ainda oferecessem condições necessárias de estabilidade –, as pernas do móvel, de ferro fundido, com acabamento em ouro envelhecido, apresentam desenho irregular em toda sua extensão e na sua espessura, apenas tangenciando densos tampos de vidro fundidos. “Em síntese, procurei imprimir um ritmo orgânico ao móvel, com as pernas sugerindo solidez e os tampos, leveza, movimento. Ainda que de uma perspectiva invertida”, declara a designer.