Projeto de reabilitação de edifício histórico preserva arquitetura original com adição de elementos modernos

O edifício, situado no coração do centro histórico do Porto, ergue-se como um testemunho do final do século XIX. Composto por 5 pisos, destina-se a habitação nos pisos superiores e comércio no piso térreo. Estando a rua onde se insere (Rua de Mouzinho da Silveira) perfeitamente delimitada por uma frente urbana contínua e, na sua maioria, constituída por edifícios de habitação com comércio no rés do chão, sob esse prisma, o edifício reabilitado assume, fundamentalmente, um papel de continuidade, contribuindo para a coerência e qualidade do conjunto, não só do ponto de vista programático, mas também no tratamento das fachadas.

O caráter da intervenção, dando prioridade à conservação e reabilitação dos elementos de valor arquitetónico existentes, visa reforçar a singularidade do edifício, reforçando o seu impacto no contexto urbano. No mesmo sentido, a diversidade de tipologias de habitação adotadas procurou maximizar os tipos de ocupação permitidos, e assim aumentar a flexibilidade do edifício e, consequentemente, a sua resiliência a longo prazo.

A intervenção implicou a reformulação integral dos espaços interiores do edifício, sendo, no entanto, mantidos os elementos considerados fundamentais para a preservação da memória da construção original ou, nos casos em que o estado de conservação dos referidos elementos impediu a sua reabilitação, produzidos elementos novos de igual desenho e material. A adoção de uma linguagem claramente contemporânea no desenho da compartimentação, vãos interiores, mobiliário fixo, peças sanitárias e remates entre materiais contribui, na confrontação com os elementos históricos, para o reforço dessa memória.

A seleção dos materiais de revestimento e cores usados dentro dos fogos procurou criar uma base firme, onde é enfatizado o confronto de escalas, sobre a qual se irão sobrepor os elementos pessoais (decorativos, funcionais e de circunstância) dos futuros utilizadores do espaço, incentivando a sua apropriação. Essa clareza contrasta com os materiais adotados para os espaços comuns (madeira e betão aparente), cuja textura e cor procurou dar a este espaço, inerentemente impessoal, um ambiente e personalidade próprios.

Diana Barros Arquitectura – @dianabarros_arq