Por meio da arquitetura e da decoração, idosos da melhor idade conseguem ter mais autonomia e qualidade de vida em suas próprias casas

Uma pesquisa recente, feita pelo Ministério da Saúde, revelou que o Brasil possui a quinta maior população idosa do mundo, com cerca de 29,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Desse total, cerca de 30% têm alguma dificuldade para realizar atividades do dia a dia e, dessa parcela, 17,3% têm muita dificuldade com os afazeres domésticos, como cuidar da casa ou preparar alimentos.

Para que estas atividades não sejam um grande martírio para as pessoas da terceira idade, é preciso que elas tenham uma estrutura adequada e funcional dentro de casa, que minimizará as suas dificuldades e a arquitetura é fundamental para que isso aconteça.

De acordo com a arquiteta Renata Gomes, a cozinha é um ambiente que precisa de atenção especial para diminuir os riscos dos idosos e facilitar a rotina diária. “A cozinha precisa ser bem mais iluminada, com acabamentos mais claros, para que a pessoa possa visualizar melhor os objetos, temperos, até mesmo as comidas. A altura dos armários deverá ser repensada também, pois com o tempo, o idoso acaba encolhendo e tem dificuldades para acessar objetos que estejam numa altura mais elevada. Se não tiver como alterar os armários, vale transferir os itens de maior uso para locais de fácil acesso, assim ele conseguirá alcançar os utensílios e os temperos para preparar sua própria comida, sem depender de ninguém”, explica.

Outro cuidado que deve ser observado é em relação ao layout. É importante que ele seja reto e limpo. “Em uma casa onde tem idoso, deve-se ter o essencial, deixando o mais simples possível, para não aumentar os riscos de bater ou cair, pois sabe-se que, com o tempo, o que mais prejudica num idoso é a sua capacidade de visão. Por exemplo: no quarto, a mesa de cabeceira deve ter a mesma altura da cama, para poder ter acesso aos objetos, e é importante ter um abajur, para quando ele levantar à noite para ir ao banheiro, poder acender e não sair no escuro. Os sapatos devem ser sempre guardados para ele não tropeçar. Os móveis no restante da casa devem ter protetores de quinas, iguais aqueles colocados para crianças. O ideal seria não ter tapetes e nem mantas jogadas sobre a cama ou sofá”, indica Renata.

Com relação ao banheiro, ambiente onde se registra grande número de acidentes, a arquiteta recomenda: “O banheiro é um dos locais mais perigosos de quedas, por ser um ambiente úmido. A colocação de barras de segurança e vasos sanitários em altura especial são alguns itens que poderão contribuir para a segurança do idoso. Eliminar excesso de móveis e adornos, facilita o seu dia a dia, tendo menos manutenção e limpeza”, conta.

Outro ponto crucial na residência onde vive um idoso é a iluminação. A arquiteta ressalta que quanto mais iluminação natural, melhor. Caso não seja possível, usar luminárias ou lâmpadas que clareiam mais e deixem os espaços mais vívidos como, principalmente, escadas e corredores.

Renata também dá a dica sobre tipos de revestimentos que podem auxiliar a locomoção do idoso em casa, assegurando-lhe um caminhar mais firme e com menor risco de queda. “No mercado, existem vários tipos de revestimentos que facilitam a locomoção dos idosos. Temos porcelanato do tipo ABS, que possui uma leve aspereza. Em alguns locais da residência, é possível colocar piso tátil ou emborrachado, pois são menos escorregadios e, assim, mais seguros”, encerra.

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