Reformado pelo SAO Arquitetura, o apartamento integra espaços amplos e iluminados, equilibrando móveis contemporâneos e elementos industriais

Com vista panorâmica para o Jardim Europa, bairro de São Paulo, o apartamento tira partido da iluminação natural e de espaços amplos e integrados, para momentos de contemplação e de receber amigos. O projeto tem a assinatura da dupla do SAO Arquitetura.

Estar, cozinha gourmet e salas de TV e de jantar compõem a área social, integrada na reforma. O tapete azul (By Kamy) orienta a distribuição dos móveis nesse ambiente: sofá da Wentz Design, mesa de tronco da Tora Brasil e poltronas Senhor (Schuster/Dpot), de Bernardo Figueiredo (1934-2012), dispostos para a vista, como era o desejo dos proprietários. Cortinas de linhão dosam o excesso de luz e garantem privacidade.

Privilegiar a iluminação natural e priorizar poucos revestimentos são premissas dos projetos do SAO Arquitetura, capitaneado por Alexandre Scaff e Simone Carneiro. “Optamos por um cimentício no piso das áreas molhadas e madeira de cumaru no do restante do apartamento”, diz o arquiteto. Esse foi o terceiro imóvel que a dupla reformou no prédio de características modernistas. “A planta original é mais segmentada, mas, como há poucos pilares centrais, conseguimos abrir os espaços com facilidade”, afirma Alexandre.

Expandir a área social foi um dos pedidos do casal, que gosta de receber os amigos para provar os pratos de sua autoria. “Trabalhamos com painéis de madeira na área gourmet, pintados de branco para camuflar armários, gavetas, eletrodomésticos, e a porta da cozinha, usada no dia a dia. Esse recurso trouxe uma sensação mais agradável ao ambiente.” Um amplo escritório, no qual clientes pudessem ser recebidos, esteve ainda nas demandas da nova configuração. Bem servido de janelas do que eram dois dormitórios, o lugar ganhou porta pivotante para que a luz solar pudesse alcançar o corredor.

Na hora de definir a ambientação, privilegiou-se o design brasileiro. “As poltronas, com apoios para os pés, eram prioridade para eles. Escolhemos o modelo Senhor, desenhada pelo arquiteto Bernardo Figueiredo nos anos 1960.” O equilíbrio entre o moderno e o contemporâneo se revela na maioria dos cômodos, em uma combinação de móveis que valoriza o conforto. O projeto luminotécnico, feito com a assessoria de uma empresa do segmento, trouxe eixos de iluminação a fim de produzir pontos focais, com efeito intimista. “Mais do que a iluminação aérea, gostamos de incluir abajures nos nossos projetos”, diz o sócio no SAO.

As plantas também são elementos importantes no design de interiores do escritório. “O volume e as alturas de vasos e plantas já são definidos no layout inicial, como um divisor de ambientes”, afirma Alexandre. Por último, vieram os tapetes, bem marcantes: o verde, que remete aos jardins de Burle Marx, fica na área de TV, e o azul, na sala de estar. “Apesar de essas cores serem consideradas frias, elas aquecem os ambientes.” Felizes com o resultado, arquitetos e proprietários – os dos três imóveis reformados – comemoram a contratação da dupla para realizar o retrofit do prédio paulistano nos próximos meses.

Nesta extensão da sala, os arquitetos posicionaram o outro canto de trabalho dos moradores, com iluminação natural dosada por persianas. Escrivaninha Corten (Dpot), do designer Silvio Romero, e cadeira Angela (Mi Casa), de Aristeu Pires. Na área de TV, sofá modular Composé, da Cremme, e tapete da By Kamy.

A integração dos ambientes favoreceu o convívio. Na mesa de centro, o pote de barro Coralinas é de Marcus Camargo com as artesãs Izabel Ferreira e Laura Vieira. A mesa de jantar Guilli, projetada pelo arquiteto Dado Castello Branco para Etel, recebe as cadeiras Helga, do estudiobola. Pendente da Reka.

Os proprietários queriam cenas diferentes no living, para receber os amigos em festas ou em pequenos encontros. Cozinhar é um dos hobbies do proprietário, que desejou ter uma cozinha no living, separada daquela do dia a dia. A bancada de concreto acomoda o cooktop, com coifa e, de ambos os lados, as banquetas do designer Gustavo Bittencourt. A “caixa” branca camufla portas e gavetas, além de emoldurar o forno e o refrigerador.

    Amigos de fora de São Paulo costumam se hospedar com o casal, que conta agora com uma suíte só para isso. A bancada de madeira maciça (Taúna), fixa na parede com grapa, é um dos pontos de atração no quarto. A cama foi desenhada pelos arquitetos. Para garantir a luminosidade natural, o corredor ganhou painel com aberturas pivotantes, assim se beneficia das janelas dos antigos quartos que, unidos, hoje acomodam o escritório. No detalhe, vista de uma das laterais da poltrona Mole, de Sergio Rodrigues (1927-2014). O design nacional contemporâneo é maioria, com uma pitada do design moderno, como as poltronas de Bernardo Figueiredo e Sergio Rodrigues.

    SAO Arquitetura – @sao_arquitetura