Casa cruzada, cujo conceito se baseia em dois blocos de construção de brinquedo retangulares, colocados em ângulo, um em cima do outro

A Casa Cruzada (Crossed House) é um trabalho do multipremiado arquiteto espanhol Manuel Clavel Rojo, da Clavel Arquitectos, cujo trabalho abrange grandes e pequenos projetos, com um princípio de união de que todos devem, de alguma forma, ter o potencial de criar uma cidade melhor.

A Casa Cruzada tem vista para duas montanhas adjacentes: Sierra de la Pila e Valle de Ricote. O projeto surgiu a partir de uma ambiguidade: estar posicionado no local de uma futura área densamente construída e ao mesmo tempo desfrutar de pontos de vista inigualáveis.

Para isso, procurou-se orientar o nível mais baixo da casa para a intimidade do jardim e conceder ao usuário, no nível superior, o deleite de seus pontos de vista, considerando a futura edificação e a influência da radiação solar.

A solução dos arquitetos foi planejar a edificação em dois volumes retangulares de concreto, cruzados entre eles em 35º. O resultado é algo extraordinário: aparentemente intransigente no modernismo e no design, a Casa Cruzada é, no fundo, intensamente prática.

Esta configuração conceitual é materializada por uma operação geométrica: a rotação de dois elementos, como se fossem dois blocos de brinquedo de construção que são empilhados e fáceis de transportar. Os volumes empilhados, de um comprimento de 20m e uma profundidade de cerca de 5m, são rotacionados de modo que os extremos fiquem voltados para as vistas mais favorecidas, afim de gerar balanços de cerca de 10m de comprimento.

Estes braços de suporte (volumes), em conjunto com a rotação entre os dois volumes, proporcionam a necessária proteção solar à fachada e à piscina da residência. A força expressiva desta configuração formal, muito elementar, em princípio, é reforçada por uma sutil distinção entre os dois volumes: as bordas são arredondadas de acordo com a orientação das principais aberturas de cada nível reforçando desta forma o caráter autônomo dos volumes.

Assim, no piso térreo, bordas arredondadas transversais enquadram a grande abertura para o sudeste. Tal tratamento no andar de cima é aplicado às bordas longitudinais emoldurando os pontos de vista dos quartos em cada extremidade do volume. Isto também reduz aparentemente a superfície de contato entre os dois volumes empilhados e reforça o caráter da sua forma geométrica.

O contato com o solo é resolvido usando novamente o mesmo mecanismo de rotação. Desta vez, um terceiro volume, enterrado, correspondente à piscina, gira em relação aos dois volumes da casa para resolver a transição entre a terra de jardim e a habitação. Sem dúvida, um belíssimo projeto!

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