Localizada no Horto, esta casa de vila era pequena e necessitava de reforma para atender aos anseios dos novos proprietários
Um casal, com um casal de filhos pequenos, comprou esta antiga casa de vila no Horto (bairro na zona sul do Rio de Janeiro) e, antes de se mudar, encomendou um projeto de reforma geral às arquitetas Carolina Escada e Patricia Landau, do escritório Escala Arquitetura, incluindo a construção do terceiro pavimento, passando a contar com 340m² no total. “A casa era pequena e não satisfazia os anseios dos novos proprietários. Originalmente, o imóvel tinha dois andares e o terreno, que já era estreito, ainda tinha sua área útil mais reduzida devido ao afastamento lateral de dois metros e meio para entrada de carro”, conta Patricia Landau.
Os novos proprietários queriam expandir o programa de necessidades da família, incluindo no projeto uma sala maior com cozinha integrada, área de serviço, dependência de serviço e lavabo, três quartos, sala íntima e a construção de um terceiro andar com piscina, churrasqueira, home office e sala de estar. Como eles tem uma paixão por bicicletas, também era necessário prever espaço para guardá-las, com acesso fácil.
Um muro baixo de tijolo vazado foi instalado no limite entre o terreno e a rua para garantir privacidade dentro de casa, sem bloquear a passagem de luz natural. “Esse muro também permitiu criar um recuo frontal, fechado com esquadrias de vidro piso-teto que garantem mais luz natural na sala do piso térreo”, informa Carolina. Já a fachada é marcada por duas caixas pretas. A primeira apresenta três planos pintados de preto que delimitam e protegem a área da entrada: a porta de acesso, o muro lateral e a viga metálica (que recebe um pergolado e réguas de madeira). A segunda (caixa preta) é suspensa e abriga as janelas dos quartos e uma jardineira linear, que funciona também como beiral.
Com a demolição das paredes existentes para integrar os ambientes em cada andar, foi necessário fazer um reforço estrutural em todas as lajes através de vigas metálicas, que não só ficaram aparentes como também foram pintadas de preto para ressaltar e valorizar ainda mais esta nova estrutura. Após a reforma, a área do térreo foi toda ocupada, o carro passou a ficar na porta de casa e a pequena sala original deu lugar a uma sala ampla reunindo os ambientes de estar, jantar e cozinha, com um prisma no fundo do terreno para resolver a iluminação e a ventilação. O lavabo foi camuflado por um volume curvo revestido de madeira, em detalhe triangulado, que também ajuda a separar a cozinha do estar.
No projeto, as arquitetas ressaltam ainda as duas escadas alinhadas com estrutura de viga metálica pintada de preto, que imprimiram um toque industrial no projeto. “Elas contam com uma proteção de vergalhões lisos que vão do térreo até o teto do terceiro andar, além do corrimão em marcenaria junto à parede, com detalhe de iluminação”, detalha Patricia.
A decoração é atemporal e mistura diferentes estilos, cores e texturas em cada ambiente, criando uma atmosfera única em cada andar. “O projeto apostou em materiais contrastantes, o natural e o industrial. O tijolinho aparente e a madeira trazem um clima de arquitetura vernacular, enquanto o concreto e as vigas metálicas pintadas de preto trazem uma linguagem contemporânea industrial”, avalia Carolina.
No quesito mobiliário novo, as próprias arquitetas foram responsáveis pelas escolhas, com destaque para a poltrona Mole de Sergio Rodrigues, a mesa de centro Canguru de Isabela Vecci e o pufe Uni de Nani Chinellato. Outro destaque são as bicicletas do casal que ficam expostas no piso térreo, embaixo da escala e ao lado do prisma, como se fizessem parte da decoração.
“Nosso principal desafio neste projeto foi demolir paredes para criar ambientes integrados e de lazer, deixando alguns espaços mais reservados em cada andar, a exemplo do escritório na sala do último pavimento, que é voltado para o prisma”, finaliza Carolina.
Projeto: Escala Arquitetura – @escalarquiteturarj
Produção: Andréa Falchi – @falchiandrea