Casa Punta Cana tem soluções high tech contra furações e é inteira aberta para a paisagem do Caribe
Assinada pelo escritório Mareines Arquitetura, a Casa Punta Cana é contemporânea e aberta para a paisagem caribenha. Localizada na República Dominicana, sua estrutura foi projetada para questionar os conceitos de “dentro” e “fora”.
O briefing dos clientes, uma família estadunidense que fez questão de participar de todas as etapas do projeto, foi uma casa térrea, confortável, grande e com vários quartos de mesmo tamanho. A estrutura orgânica, inteira aberta para a praia e rua, traz maior incidência de luz natural e ventilação para a “casa da brisa”, como é chamada pelo escritório.
De linhas arquitetônicas não convencionais e paralelas, o projeto foi pensado em termos de sustentabilidade e com diferenciais tecnológicos ainda não utilizados no país. Além disso, com exceção de uma cadeira, toda a decoração e mobiliário são de designers brasileiros, pelos quais os clientes são apaixonados, e de cores discretas.
No bloco norte ficam seis suítes independentes, cada uma com vista e jardins próprios, e o bloco sul abriga a sala de jantar, bar, cozinha, sala de jogos, sala de ginástica e todos os serviços da casa. Ao centro, há um “family room”, planejado para ser um ponto de encontro dos membros família, que moram em diferentes países, e convidados.
Além de um cilindro de vidro flutuando em meio aos jardins aquáticos, toda a residência é serpenteada longitudinalmente por uma grande varanda. São 700 m² entre sensações de abertura e fechamento, altos e baixos, formas e paisagens variadas em todas as direções.
“Andar pela casa já é uma experiência gratificante. Você tem os espaços se fechando, se abrindo e te acolhendo. Os ‘rasgos’ criam uma sensação de não saber onde acaba a casa, onde começa o jardim, e vice-versa. O formato orgânico complementa o visual, com a água que entra em espelhos d’agua e a luz que bate do telhado rasgado”, pontua Ivo Mareines.
A única exceção ao pedido de casa térrea é o jardim na cobertura, que complementa e sobe com os jardins do terreno, aumentando a organicidade do projeto. Também é nesse espaço que estão situados o mirante com vista para o mar e um espaço para festas ao ar livre.
As soluções high tech são outro destaque: a República Dominicana, como boa parte do Caribe, está sujeita a furacões com ventos que chegam a 300 km/hora. Por isso, para produzir os elementos que atendessem a essas condições, foi aplicada a tecnologia digital CAD – CAM (Computer-Aided Design / Computer-Aided Manufacturing), utilizada em países da Europa e da América do Norte.
Toda a estrutura de madeira laminada colada com dupla curvatura, que forma a cobertura da varanda e suítes, foi fabricada digitalmente na França, assim como os pilares de aço que a sustentam. As esquadrias de vidro e a cobertura em cobre clipado foram executadas na Espanha, e as placas e mantas necessárias para a perfeita estanqueidade e isolamento térmico do conjunto vieram dos Estados Unidos. Além disso, para evitar ser invadido pelo mar na eventualidade de um furacão, o terreno foi levantado e compactado 2 m, em caliche, em relação ao nível original.
Todas as conexões estruturais são internas, o que dificulta a oxidação comum de regiões litorâneas. Apesar disso, o telhado, feito de cobre natural, foi pensado para mudar de cor conforme a ação do mar, acrescentando beleza ao projeto.
A iluminação é predominantemente natural, através dos “rasgos” que a casa possui, mudando conforme o dia passa e a luz “caminha” pelos cômodos. O paisagismo, que se assemelha a uma tapeçaria viva, une o trabalho brasileiro em paredes verticais ao trabalho dominicano do jardim horizontal.
“Trabalhar com a tecnologia de fabricação digital muda os ajustes de obra de centimétrico para milimétricos. Apesar de carente em indústrias, a República Dominicana é farta em excelentes profissionais que realizam trabalhos de alta qualidade”, explica Ivo.
“A mão de obra local fez toda a diferença no acabamento do projeto. Além da perfeição na locação, construção das fundações e paredes em concreto que receberam as estruturas de aço e madeira, não foram negligenciados a qualidade artística dos acabamentos em pedra, madeira e cobre que dominam a composição estética dacasa”, destaca Matthieu Van Beneden.
Mareines Arquitetura – www.mareinesarquitetura.com.br – @mareinesarquitetura
Arquitetos: Ivo Mareines e Matthieu Van Beneden
Co-Autores: Patalano Arquitetura
Interiores: Ivo Mareines, Rafael Patalano, Jean Pierre
Paisagismo: Vistara Paisagismo
