Projeto Casa 108 transforma cobertura carioca de Guilherme Piva, elevando teto e integrando paisagem com minimalismo

Aberta e integrada à paisagem carioca, a cobertura, com projeto do escritório Casa 108, privilegia a transparência para a paisagem e o minimalismo na decoração – ambos desejos do proprietário, o ator Guilherme Piva.

Com o teto elevado em 1,5 metro, o estar ganhou amplidão e vista aberta para a paisagem. No canto oposto à piscina, no terraço, foi montada uma bancada para dar suporte à churrasqueira. A mesa de jantar modelo Long, em freijó, acomoda as cadeiras Felipe, conjunto adquirido na Novo Ambiente. Na parede, duas telas da coleção: a vermelha, de Niura Bellavinha e, ao lado, a pintura de Dudu Garcia.

Foi durante a pandemia, ao se sentir enclausurado no apartamento em que vivia, em Copacabana, que o carioca Guilherme Piva decidiu ir em busca da cobertura que povoava seus sonhos. Era fundamental, para ele, que o imóvel tivesse vista – e quanto mais emblemática do Rio, melhor. “Eu estava louco por um terraço e uma área social bem ampla, porque é neles que fico a maior parte do tempo. Ensaio muito em casa e preciso de luz natural para ter mais energia. Eu tinha noção de que dificilmente iria encontrar algo do jeito que eu imaginara, mas obra não me assusta. Só não tinha ideia de quanto o processo seria intenso, porque foram quatro anos entre a procura e a mudança. Mas quando deparei com esta cobertura, na Gávea, linear e supercompartimentada, percebi de cara que as possibilidades eram boas. O valor estava abaixo dos do mercado – não deu outra, fechei negócio na hora.

O entusiasmo durou pouco. Logo, Guilherme se viu diante de um dilema, uma vez que a mudança significaria se desfazer do imóvel em Copacabana, reformado pelo irmão, o arquiteto André Piva. “Em agosto de 2020, André morreu. Fiquei arrasado, vivendo um luto e uma saudade imensos. Éramos muito ligados, e compartilhávamos a paixão por arquitetura”, diz ele, emocionado. “Bateu tristeza, achei loucura sair de um lugar que havia sido projetado pelo André”, admite. Ao ver a proposta sugerida pelos arquitetos Carolina Nigri, Gabriel Borsoi e Gustavo Cerri, da Casa 108, porém, entendeu que esse era um caminho sem volta. “Os três tinham trabalhado, por mais de dez anos, no escritório do André e, além de dominarem o estilo limpo da arquitetura dele, foram além, criando um projeto arrojado. Entenderam exatamente o que eu precisava naquele momento. Fiquei impactado com as imagens que me apresentaram, em 3D, e me animei a começar o quebra-quebra”, afirma.

O fundamental, na nova concepção dos 280 m², foi integrar toda a área social à paisagem, enquadrando o Morro Dois Irmãos de um lado, a Lagoa Rodrigo de Freitas, do outro, e em frente, o mar do Leblon. Os arquitetos apostaram na transparência, desenhando vãos amplos, com painéis de vidro que se deslocam, tornando fluida a circulação entre o estar e o terraço. “Quebramos quase todas as paredes e, inclusive, a laje, fazendo subir o pé-direito em cerca de 1,5 metro, para tornar a vista mais ampla. Foi uma mexida radical, que exigiu refazer vigas e pilares com estrutura metálica. Sabíamos que o Guilherme ama arquitetura e que, se a proposta o encantasse, ficaria animado em investir na ideia. Não deu outra. Ele se mudou há cerca de seis meses e não para de repetir o quanto está feliz da vida”, afirma a arquiteta Carolina.

Guilherme trouxe muitos quadros do antigo apartamento e herdou vários do acervo do André, seu irmão. A tela, ao fundo, é assinada por Marcelo Solá, e a mesa de centro, em camadas, é um móvel antigo, que veio com a mudança.

Acima, obras de arte da coleção de Guilherme, como o cocar, emoldurado, que ele mesmo trouxe de Bonito (MS), e montou. Abaixo, a foto em tons de vermelho leva a assinatura de Paula Joory, pontuada com o banco Coca-Cola (Desmobília). A mesa Saarinen, com tampo de madeira (do acervo de Guilherme), fica cercada por cadeiras garimpadas por ele há tempos. A obra de mosaico de azulejos é do Coletivo Muda. Vasos da Ekko Home.

O banheiro da suíte se volta para um pequeno jardim, com paisagismo da Caule Interiores. Poltrona Vidigal, do Lattoog. A bancada foi moldada em freijó e os armários são de laca (Dettaglio). No quarto, o espelho com moldura de freijó reflete a cama, com enxoval de linho da Zsolt e almofadas da Codex Home. Piso de tábua corrida de eucalipto (Barra Nobre) e, na cabeceira, a forração do papel (Vescom) imita a textura da madeira. Luminária em latão cobreado, da Só Lustres. A ideia inicial dos arquitetos seria forrar a cabeceira de lâminas de freijó, desenhando um lambri discreto. Mas optaram pelo papel de parede da Vescom, para imprimir no ambiente o acolhimento desejado. Fotos de Victor Haim, amigo de Guilherme.

Integrado ao terraço, o estar ganhou piso de porcelanato (Ekko Revestimentos) e, no teto, forro vinílico. O sofá cinza, no canto da TV, veio da LZ Studio, e o azul, orgânico, da Lider. A chaise Le Corbusier, com pele de vaca, foi trazida do antigo apartamento. A estante, desenho dos arquitetos, foi moldada em freijó (Dettaglio Arte). Na área externa, espreguiçadeiras da Eco Flame Garden fazem par com os seixos de madeira maciça, da Lattoog. A piscina, revestida de pedra Lucerna (Guandu Mármores), é cercada por deque de cumaru (Dettaglio). Mei Consuel, da Amei Gestão & Obras, foi a engenheira responsável pela obra.

Arquitetura Casa 108 – @casa108arquitetura

Produção Karin Gimenes – @kagimenes


Agradecimentos

Guilherme Piva, Casa Ocre, Ekko Home, Codex Home, Buddemeyer, lattoog, Zsolt