Roberto Souto mostra sua cobertura duplex com vista da mata do Parque da Catacumba e a Lagoa Rodrigo de Freitas
Após a separação do casamento e ao constatar que seus filhos não morariam mais com ele, o designer de interiores Roberto Souto decidiu se mudar do antigo apartamento, com 290m², para um imóvel menor. Após visitar algumas opções, ele se encantou com esta cobertura duplex de 180m², na Lagoa (RJ), não só por causa da vista como também pela possibilidade de ter uma área externa com piscina e plantas e, de quebra, um espaço ao ar livre para sua cadela Candoca, da raça Vizsla, brincar. “Sempre gostei da Lagoa e de morar com vista. Quando encontrei esta cobertura ao lado do parque da Catacumba, com sua mata exuberante, a pedreira e a coleção de esculturas, tive certeza de que minha nova casa seria ali. De quebra, ainda tenho a vista lateral para a Lagoa”, justifica ele.
Assim que o imóvel foi adquirido, Roberto fez uma reforma geral, com muitas alterações na planta original, para incluir um vestíbulo e um lavabo que não existiam, trocar a escada existente por um modelo linear, substituir todo o piso, diminuir a área externa do terraço, aumentar o living, criar uma suíte com closet e escritório integrados e unir a cozinha com a sala de jantar. Recentemente, após voltar a morar no Brasil, Roberto refez a decoração e o paisagismo assinado por Flavia Tiraboschi, mas sem interferências relevantes na arquitetura.
Segundo o designer, o conceito do projeto teve como objetivo criar um apartamento prático e funcional para um homem divorciado e solteiro por convicção. Como a área do apartamento era limitada, foram necessárias mudanças na cozinha original, dependências e área de serviço. Ao integrar a cozinha com a sala de jantar (onde também ficam muitos livros e objetos de arte do morador), Roberto instalou uma porta tipo “vai-e-vém” junto à área onde fica a lava-louças, servindo ainda de suporte para a limpeza dos utensílios mais pesados após jantares. Desta forma, ele cozinha na frente de seus convidados, sem expor os bastidores da cozinha. “Fundamental para mim é ter um ambiente social, no qual incluo a cozinha, amplo o suficiente para receber amigos. Seja para um dia na piscina ou uma noite de luar com drinques no deck, seguido de um risoto preparado por mim”, diz ele, que, durante um ano sabático, se formou em gastronomia na Escola Lenôtre, em Paris.
Na decoração, que segue o estilo contemporâneo colorido, Roberto se autointitula o “rei” do reaproveitamento. A poltrona Beijo, do designer Mauricio Klabin, por exemplo, está com ele desde que se casou e ganhou lugar de destaque na sala do atual endereço. “Foi o meu primeiro móvel de design”, revela ele. Já os dois bancos de toras de madeira, cortadas em forma de grandes paralelepípedos, vieram do apartamento que montou logo após a separação e hoje funcionam como guarda-corpo, banco e aparador no living e, na área da piscina, como mesa de centro. “Compro muitas coisas em leilões, especialmente tapetes e objetos de arte. Minha mesa de jantar também veio do apartamento anterior. Apenas pintei a base de vermelho e as cadeiras de preto”, informa. O móvel predileto do Roberto é, no entanto, a poltrona de camurça marrom, de autoria desconhecida, comprada de um antiquário amigo, em São Paulo. Outros xodós são a mesinha lateral Platner e os “Bichos” plásticos da Lygia Clark. “Gosto, em especial, do aspecto acessível, em termos de custo, destes objetos. Qualquer um pode ter em casa, se quiser”, pontua.
No quesito “materiais e acabamentos”, para dar unicidade ao projeto, o piso de todo o apartamento (inclusive na área externa) é de Cumaru, com fendas entre as tábuas, lembrando um grande deck de madeira. As paredes foram pintadas com tinta acrílica branca, as cortinas são de linho, os estofamentos de tecidos naturais e os tapetes de lã (em geral, kilins). Já a parede principal do living (atrás do sofá) foi revestida com um painel de marcenaria, em laca branca, para deixar o espaço mais aconchegante. Roberto destaca ainda o revestimento em granito Juparaná serrado da piscina, que confere a ela um aspecto natural de lago.
No quesito “obras de arte”, em seu quarto, Roberto destaca o guache sobre papel de Ione Saldanha e uma série do Sergio Rabinovich. Já na sala ele destaca alguns trabalhos “concretistas” do Rubem Ludolf, a têmpera do Elvis Almeida e duas esculturas (Iaras) em bronze do Ceschiatti, que serviram de estudo para a obra que foi instalada no lago do Palácio do Alvorada, em Brasília.
Por gostar de uma arquitetura mais limpa e de geometria, Roberto sempre adiciona cores em seus projetos através de mobiliário, quadros e livros para quebrar a monotonia. Em sua própria casa na Lagoa não seria diferente. “Quando se olha para uma estante repleta de livros em meio aos objetos, tem-se a sensação de estar diante de um mosaico, uma composição quase concretista. Para mim, uma estante bem arrumada é quase uma obra de arte”, finaliza ele.
Roberto Souto Interiores – @robertosouto_int