As lojas no estilo empório estão em alta e, como os mercadinhos de outrora, valorizam os costumes antigos e um contato personalizado

A arquiteta Simone Rocha executou um projeto exatamente neste molde. A profissional planejou e decorou o Empório Du Carmo, onde o proprietário buscava uma atmosfera acolhedora e amigável para o seu estabelecimento.

“O pedido principal do cliente era também nosso maior desafio: o aproveitamento do espaço. Como a loja possui dimensões bem reduzidas e um pé direito extremamente baixo, tivemos que buscar soluções para conseguir expor um número significativo de produtos, tornando a loja viável do ponto de vista comercial, e ao mesmo tempo, garantir uma circulação confortável, para propiciar sensação de bem-estar dentro da loja, e evitar a impressão de confinamento”, explica.

Para conduzir o projeto, a arquiteta trabalhou com três pontos principais: ambiente aconchegante, tratamento personalizado e oferta de produtos diferenciados. Desta forma, o empreendimento ganhou ares de mercadinho do interior e conseguiu se destacar no comércio local.

“Uma decoração isolada, seguindo determinado ‘estilo’ que não seja condizente com o público ou com o produto oferecido, terá sido feita em vão e não conseguirá alcançar a meta do sucesso comercial. Da mesma forma, trabalhar corretamente o atendimento e a gama de produtos, deixando de lado a aparência e funcionalidade da loja – intrínsecas a um projeto arquitetônico bem feito – é sinônimo de montar uma loja com baixo movimento, uma vez que ela não consegue atrair os clientes que passam pela rua. O visual da loja é o primeiro aspecto capaz de convidar um cliente a entrar e deve ser complementado por uma boa experiência no momento da compra, para garantir o sucesso da venda e o retorno do cliente”, avalia.

O administrador de empresas Marcelo Jácome, proprietário do Empório Du Carmo, ratifica a importância da presença de um profissional para conseguir concretizar o que desejava para o seu comércio.

“O Empório está aberto há quatro meses e decidi fazer o investimento há sete meses. Foram três meses de análise de mercado, desenvolvimento do projeto e obra. Tudo o que eu faço, faço bem feito e então contratei a Simone Rocha para fazer o projeto e discutimos bastante sobre ele. Focamos em um estilo vintage e no melhor aproveitamento do espaço, pois a loja tem somente 25m². O projeto foi tão bem feito, que eu consegui aproveitar um espaço mínimo e, hoje, para se ter uma ideia, estou com 960 itens diferentes na loja, ativo”, conta.

Para Marcelo, esta forma de voltar ao estilo dos mercados antigos, onde se vende biscoito a granel, por exemplo, é, certamente, um atrativo a mais para a clientela, o que vem sendo motivo de elogios ao seu empreendimento.

“A comunicação visual e o mobiliário do Empório, indiscutivelmente, são um diferencial da loja. O atendimento também, claro, pois criamos uma maneira de cativar o cliente onde ele se sente bem recebido, apesar do espaço físico ser pequeno, porém, é aconchegante. Até o dia de hoje, nunca recebi uma crítica sequer que desabonasse a loja”, exalta.

De acordo com a arquiteta Estela Netto, existem serviços e produtos que resgatam outras épocas e, portanto, estimulam a criação de estabelecimentos como os empórios e as barbearias, que também voltaram com tudo.

“Quando fazemos este tipo de projeto, de alguma maneira, fazemos uma alusão a outra época para que as pessoas reconheçam com mais rapidez. E, por mais que a gente não tenha vivido na época dos empórios, das compras a granel, que aconteceu com nossos pais e nossos avós, nós temos a referência no nosso imaginário. Quando vemos um saco de farinha, com uma canequinha, vamos imediatamente compreender que aquilo veio do artesanal e faço uma leitura, inconsciente, pois aquilo é um ícone do sentido imagético, um ícone que conheço como antigo, do universo artesanal e, que possui qualidade”, afirma.

A arquiteta, porém, ressalta a importância de se adequar este arquétipo do passado aos dias de hoje.

“Nossas demandas hoje são diferentes das que tínhamos nas décadas de 40, 50. Inclusive, o tempo que temos para fazer a compra, o tipo de iluminação, o concorrente ao lado. Temos, na verdade, uma lógica totalmente contemporânea de projeto que se apropria de alguns elementos estéticos daquele universo que a gente está reprisando”, esclarece.

Para Estela, este tipo de comércio é uma tendência devido ao momento em que estamos.

“As pessoas voltaram a cozinhar e receber em casa e o anfitrião quer ter uma experiência de compra mais agradável do que apenas encher o carrinho de coisas. Ele quer produtos mais exclusivos, marcas melhores para poder testar as receitas. Vemos isso acontecendo com azeite, cerveja, vinho. As pessoas querem comprar produtos melhores e os empórios podem te vender produtos mais exclusivos e de um jeito que possibilita o comprador a curtir mais o momento, descobrindo outras possibilidades. Você se distrai, se envolve com a compra”, afirma.

Simone Rocha concorda que os empórios têm tudo a ver com o que os consumidores vêm buscando atualmente.

“A atmosfera de mercadinho faz toda a diferença. Uma decoração que remete aos antigos armazéns e uma abordagem pessoal totalmente distinta, propicia uma experiência de compra muito mais agradável. Os biscoitos vendidos a granel, a possibilidade de degustar um café enquanto faz suas compras e o bom papo com o proprietário da loja – muitas vezes presente e recebendo pessoalmente os clientes – são detalhes que conquistam”, encerra.

Simone Rocha
www.simonerocha.arq.br

Estela Netto
www.estelanetto.com.br