Herzog & de Meuron é o nome do escritório de arquitetura suíço, chefiado pelos dois arquitetos que o batizaram com seus sobrenomes
Jacques Herzog e Pierre de Meuron nasceram na Basiléia e estudaram juntos no ETH – Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, onde se iniciou a parceria que levou à sociedade em 1978. Se o nome do escritório pode soar desconhecido, o mesmo não se pode dizer de suas obras, pois nos últimos vinte anos o volume de projetos do escritório atendeu aos eventos e locais mais importantes do mundo, tanto na pequena escala – com projetos de objetos e residências – até a grande escala – com projetos urbanos, estádios, museus e fábricas.
“A arquitetura é uma oportunidade de iluminar plenamente os espaços em que vivemos e trabalhamos, para criar uma experiência que atraia todos os sentidos”
Uma das realizações mais conhecidas do escritório é o Estádio do Bayern de Munique, também chamado de Allianz Arena, concluído em 2005. A quantidade de inovações apresentadas tornou o complexo uma referência, e elevou o patamar arquitetônico das construções esportivas. Sua estrutura é mista em aço e concreto, arrematada externamente por 1056 painéis em formato de diamante, que transformam o edifício em um anel de luz, colorido conforme a camisa dos times confrontantes. As arquibancadas possuem o máximo de inclinação permitida pela engenharia atual: 34 graus. Conta com um dos sistemas de fuga de emergência mais inteligentes do mundo, onde aproximadamente 70 mil espectadores podem abandonar o estádio em 15 minutos. Um fator interessante é o de que o estádio recebe visitantes todos os dias, pois seus sete níveis possuem centros comerciais, além de um parque ecológico no entorno, garantindo a manutenção das atividades, independentemente dos jogos de futebol – driblando a vocação para elefante-branco que estas construções denotam.
Outro grande projeto no setor esportivo foi o Estádio Nacional de Pequim, construído para as Olimpíadas de 2008. Também conhecido como “ninho de pássaro”, devido ao efeito obtido com o cruzamento de vigas metálicas que revestem seu exterior, tem capacidade para 80 mil espectadores e o custo da construção foi de aproximadamente US$ 423 milhões. Para chegar a tal resultado, o escritório suíço venceu um concurso mundial, porém ajustou o projeto para atender o orçamento e os anseios do governo chinês (que pediu uma construção original e única), contando com a colaboração de arquitetos locais. Depois de finalizada, a estrutura surpreendeu pelo seu aparato tecnológico e pela sua beleza singular – ainda mais potencializada à noite – com a iluminação colorida e o reflexo no espelho d’água.
Em uma escala menor, porém não menos surpreendente, está a realização da Vitra Haus, finalizado em 2010. Trata-se de um show-room museu, encomendado pela conceituada fábrica alemã, que lançou sua coleção de objetos para a casa – de olho no mercado consumidor individual – ao invés do corporativo empresarial que tradicionalmente atendia. O arquétipo da casa, um retângulo com telhados inclinados para os dois lados, foi reinventado espacialmente através de prismas que se encaixam, formando um só espaço com 12 “casas” sobrepostas, em 5 pavimentos e com balanços que chegam a alcançar 14 metros. Isto foi possível através da união de estruturas de concreto engenhosamente encaixadas e isentas de qualquer pilar interno. A cor de carvão externa serve para neutralizar a expressividade do complexo volume, e também para valorizar a luz que salta do interior através das janelas.
O escritório atualmente conta com um projeto a ser realizado no Brasil. Chamado de “Complexo Cultural Luz”, trata-se de um espaço interdisciplinar a ser construído em frente à Estação da Sorocabana “Julio Prestes” (onde está a Sala São Paulo), que abrigará espaços para dança e música. Atualmente encontra-se em fase de licitação, e continua sendo alvo de muitas críticas, devido ao alto custo do projeto e da execução, ao passo que, apenas a inserção de uma arquitetura “de grife” não resolve os problemas sociais de sua localidade – a cracolândia – e apenas expulsa os dependentes para outros locais.
Polêmico e revolucionário, o escritório Herzog & de Meuron é hoje um dos mais importantes do mundo em atividade, caracterizando-se pelas soluções imaginativas, com respostas que vão desde o detalhe artesanal até o uso da tecnologia. Como os próprios descrevem a sua atividade, o “uso da luz como qualificadora dos espaços é um aspecto chave na realização de suas obras”. Espera-se que o grupo faça jus à sua vocação e também ajude a abrilhantar por aqui o Complexo Cultural que tem luz até em seu nome.