Imóveis tombados são patrimônio histórico estadual e preservam a história do Estado de São Paulo e permitem uma viagem ao passado
Elas foram artistas, damas da sociedade que tiveram grande influência na cena cultural de São Paulo, arquitetas ou mesmo prisioneiras políticas. Os imóveis que construíram, moraram ou que recebem seu nome são mais do simples residências, mas registros históricos que ajudam a fazer uma viagem no tempo e admirar a arquitetura de outras épocas. Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março, o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), vinculado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, fez uma lista de patrimônios tombados ligados a algumas mulheres que contribuíram para a história do Estado.
Antiga Casa de Dona Veridiana
O palacete foi construído em 1884 por Valéria da Silva Prado – Dona Veridiana, figura marcante da vida social, política e cultural paulistana no final do Império e início da República Velha. A edificação eclética, característica da elite paulistana, mescla elementos da Renascença Francesa e reminiscências renascentistas italianas, se estabelecendo como um marco da origem do bairro de Higienópolis. O tombamento contempla também as obras de arte incorporadas ao imóvel – pintura mural “Aurora” de autoria de Almeida Junior e a escultura em mármore de Victor Brecheret “Diana”; a massa arbórea e o padrão atual de fechamento do lote. É também a sede de São Paulo do Iate Clube de Santos.
Endereço: Av. Higienópolis, 18 | Higienópolis | São Paulo | SP
Casa de Câmara e Cadeia de Santos — Pagu
A Cadeia Velha de Santos é um importante patrimônio histórico, localizada na Baixada Santista, que abrigou em uma de suas celas, em 1931, a primeira mulher presa por razões políticas no Brasil – Patrícia Galvão, a famosa Pagu – por ter apoiado a greve dos estivadores de Santos. A moça defendia a participação ativa da mulher na sociedade e na política de forma incisiva. O imóvel, construído em 1869 e tombado nas esferas federal, estadual e municipal, foi ainda Casa de Câmara, Paço Municipal, hospital de emergência e fórum. O espaço será reocupado pela Oficina Cultural Pagu – que integra o programa Oficinas Culturais da Secretaria da Cultura do Estado.
Endereço: Praça dos Andradas, s/n | Santos | SP
Casa de Tarsila
A Fazenda São Bernardo, localizada em Rafard, na região de Piracicaba, apresenta remanescentes da fazenda cafeeira monocultora do final do século XIX. Ali, está a Casa de Tarsila do Amaral, com seu agenciamento típico de casa de morada senhorial, senzala, terreiro e outras edificações complementares ao programa de uso de uma fazenda de café.
O local será transformado em um museu interativo ligado ao modernismo, movimento que influenciou as artes e o design na primeira metade do século 20 e do qual a pintora fez parte.
Endereço: Av. São Bernardo, Rafard | SP | 142 km de distância da Capital
Casa de Dona Yayá
Sebastiana de Mello Freire, carinhosamente chamada de Yayá, nasceu em 21 de janeiro de 1887. Aos 13 anos de idade perdeu seus pais e, poucos anos depois, seu último irmão. Herdeira de uma grande fortuna e dona de uma personalidade voluntariosa e exigente, não se casou. Aos 31 anos, apresentou os primeiros sinais de desequilíbrio emocional, sendo interditada no ano seguinte e internada por um ano no Instituto Paulista. Após deixar a clínica, viveu até o final dos seus dias, em 1961, segregada em sua residência, uma pequena chácara localizada na região central de São Paulo. A casa é um exemplar remanescente significativo das transformações do bairro em razão do crescimento da cidade e, sobretudo, é testemunho material das formas pelas quais a sociedade entendia e tratava a loucura na primeira metade do século XX.
Hoje, a Casa de Dona Yayá funciona como Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (USP) e é aberta para visitantes.
Endereço: Rua Major Diogo, 353 | Bela Vista | São Paulo | SP
Casa de Vidro
Inicialmente projetada para abrigar a sede do Instituto de Arte Contemporânea, a casa, projetada por Lina Bo Bardi e construída em 1951, tornou-se a residência da arquiteta e de seu esposo, Pietro Maria Bardi. O projeto da casa foi orientado pelos conceitos racionalistas da arquitetura moderna internacional. O edifício, implantado à meia-encosta, é sustentado por meio de pilotis de aço, que brotam da área de embasamento e servem de acesso ao pavimento superior. O projeto permitiu a perfeita integração da residência com a paisagem arborizada que a envolve.
Endereço: Rua General Américo de Moura, 200 | Morumbi | São Paulo | SP
Teatro Oficina — Lina Bo Bardi
Em 1958, um grupo de estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco começava a se projetar, conquistando a crítica teatral e prêmios do teatro amador. Em pouco tempo este grupo, denominado Oficina, conseguiu levantar fundos e se instalar na Rua Jaceguai, onde funcionava o Teatro Novos Comediantes. O arquiteto Joaquim Guedes foi o responsável pela adaptação do primeiro Teatro Oficina, local que abrigou, na década de 1960, grupos teatrais experimentais, inovadores da linguagem cênica e da relação entre palco e platéia. Em 1966, após um incêndio, um novo e moderno projeto foi elaborado pelos arquitetos Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, que introduziram paredes de tijolos e concreto sem revestimento e urdimento à mostra. Continuando sua trajetória, em 1986, a arquiteta Lina Bo Bardi projetou a renovação do edifício.
Endereço: Rua Jaceguai, 520 | Centro | São Paulo | SP
Sanatório Vicentina Aranha
O Sanatório Vicentina Aranha teve a sua construção iniciada em 1918, em terreno adquirido pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com a ajuda da Câmara Municipal de São José dos Campos. A localização estratégica do sanatório, fora da cidade de São Paulo, permitia melhores condições para o tratamento da tuberculose. À época, foi considerado um dos maiores da América Latina e tido como referência para novas construções do gênero. O projeto é atribuído à Construtora Severo & Villares de São Paulo, e coube ao engenheiro Augusto Toledo a responsabilidade pela sua execução. Trata-se de um conjunto de edificações dispostas de forma simétrica, distantes entre si, do tipo pavilhonar, ligados através de passarelas cobertas, ocupando uma extensa área que a partir de 1932 passou a ser denominada de Zona Sanatorial.
O sanatório foi construído graças aos esforços dessa dama da sociedade, Vicentina Aranha, que deu nome ao lugar. Atualmente, o sanatório é um parque aberto ao público.
Endereço: Av. Presidente Prudente Meirelles de Moraes, 503 | São José dos Campos | SP
Solar da Marquesa de Santos
Construída por volta da segunda metade do século XVIII, o prédio serviu de moradia para Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, que adquiriu o imóvel da herdeira do Brigadeiro Joaquim de Moraes Leme após romper de suas relações com D. Pedro I.
Ao retornar para São Paulo, Domitila se casou em Sorocaba com o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar. Longe de escândalos, passou a ser uma dama influente na sociedade da cidade. Morreu aos 70 anos, promovendo saraus literários em sua casa, o Solar da Marquesa de Santos.
Em 1880, a casa foi colocada em leilão e adquirida pela Mitra Diocesana, que transformou o Solar no Palácio Episcopal. O Solar hoje pertence a Prefeitura da Cidade de São Paulo que tem nela instalado a sede o Museu da Cidade. A sua importância histórica é grande. Além de ter pertencido a Marquesa de Santos, o imóvel é único exemplar de residência urbana construída em taipa de pilão . A fachada é em estilo neoclássico, provavelmente posterior a 1860.