Projeto da Migs Arquitetura valoriza áreas externas, marcenaria sob medida e um interior contemporâneo
A escada curva, com degraus e guarda-corpo de pinho de riga, é um dos muitos charmes originais desta casa, erguida em 1960 em um condomínio da Zona Sul do Rio de Janeiro. O que de verdade conquistou o casal de moradores, no entanto, foi a planta de 740 m²: ambos desejavam um lugar amplo, no qual pudessem reunir com conforto os cinco filhos – três dele e dois dela, adolescentes e jovens adultos.






Embora preservasse o glamour do passado, a construção precisava de uma reforma cuidadosa. Responsável pelo projeto, a dupla Adriana Valle e Patricia Carvalho, da Migs Arquitetura, propôs uma intervenção completa, com atenção especial para a área externa. “Quem opta por viver em casa em vez de apartamento, naturalmente quer curtir o jardim. Tivemos de tornar o ambiente convidativo, pois ele estava árido e mal aproveitado”, diz Patricia.




Um antigo depósito foi transformado em cozinha gourmet, agora integrada à área da piscina. O corredor lateral, antes usado apenas para circulação, passou a abrigar um estar ao ar livre, com sofá, poltronas e pufes. “Planejamos novos pontos de convívio. É uma família que gosta de estar junto”, diz Adriana.



Na concepção do paisagismo, o escritório Landscape Jardins precisou contornar alguns obstáculos para preencher com verde os espaços. Como o local é cercado por muros altos da vizinhança, recebe pouca luz solar. Além disso a imponência do entorno causava a sensação de confinamento. “Adotamos espécies de baixa manutenção, bem adaptadas à sombra, e criamos um jardim vertical junto à piscina, que disfarça a extensão da parede”, explica a paisagista Gabriela Setta. Graças ao projeto, agora janelas e portas emolduram a vegetação exuberante, adicionando beleza ao cotidiano dos moradores.



Por dentro da casa, as arquitetas aplicaram sua expertise em equilibrar o antigo e o novo. “A arquitetura tem um traço de época marcante. Por isso, preferimos deixar os interiores bem contemporâneos”, diz Patricia. O piso de tábuas largas de pinho de riga, um verdadeiro tesouro, valoriza a seleção de mobiliário, que inclui grandes nomes do design nacional, itens de antiquário e peças vindas dos endereços anteriores. “Cultivamos esse olhar para a memória. Decoração não é jogar tudo fora e começar do zero”, afirma Adriana.









No caso dessa família, o marido é cliente das arquitetas há anos e já havia formado um acervo sob a curadoria delas. Outra característica marcante no trabalho da dupla é o desenho minucioso da marcenaria, considerado um importante elemento para assegurar unidade estética aos ambientes, indo além das funções de organizar e guardar. “Nossos projetos combinam a criação dessa base bem orquestrada com a escolha de móveis que podem acompanhar os moradores por toda a vida”, diz Patricia.









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