A tradicional instituição do Colégio Renascença será inaugurada em janeiro de 2018 com conceito de espaço político-pedagógico
Da mistura entre tradição e modernidade surge a nova sede do Colégio Renascença, instituição de ensino judaica que comemora 95 anos de história. O projeto arquitetônico combina sinagoga e ilhas de robótica nos 18 mil m² do terreno, antigo estacionamento do parque de diversões paulista, Playcenter. Assinado pelo arquiteto Jonas Birger e com espaços concebidos pela artista plástica Stela Barbieri, o projeto explora o espaço e transforma os ambientes em um “terceiro educador”.
Para pensar uma nova relação com o ambiente, a maneira singular de aprendizado de cada aluno foi levada em consideração. A consultora na área de educação e artes, Stela Barbieri, explica que cada indivíduo aprende de acordo com as próprias necessidades e com as relações que vivem, inclusive com o espaço que habitam. “Os estudantes podem ser mobilizados a aprender pelas potências das experiências. Concebemos espaços como dispositivos que dialoguem com os alunos, em um contexto que mobilize movimentos do pensamento, do corpo e respeite diferentes necessidades de aprendizagem”, conta.
De acordo com as necessidades da comunidade, estudantes, professores, coordenadores e famílias, o projeto chegou a um denominador comum e se tornou um agente na formação dos estudantes. O espaço aberto, luminoso, com mobiliário flexível para gerar diferentes configurações, com salas que convoquem o encontro e a investigação para que os alunos possam povoar o espaço com perguntas e descobertas.
Mobiliário
As cores escolhidas para os mobiliários são muito abrangentes e vão praticamente de um extremo ao outro da cartela de cores. Cada segmento desta gama foi distribuído para locais específicos do colégio, conforme a distribuição dos seus programas e cursos. A intenção e o maior desafio foi trabalhar com muitas tonalidades diferentes sem deixar os ambientes caóticos. “Sempre buscamos criar um espaço harmônico, através do uso de cores análogas e complementares nos mobiliários e ambientes”, explica João Nitsche, responsável pela comunicação visual do projeto.
Sustentabilidade
A sustentabilidade exerce um papel fundamental no Colégio Renascença. O prédio é dotado de água de reuso, um reservatório para 10.000 litros, disponível nas torneiras das áreas externas para irrigar jardim e/ou lavar pátios externos. A escola é dotada de painéis solares para aquecimento de chuveiros dos vestiários do ginásio, com capacidade de produção máxima de 180 kwh. Para a iluminação foram escolhidas lâmpadas de LED que consomem 3 vezes menos energia do que as convencionais. Há ainda brises de ventilação natural nas quadras, corredores abertos e salas com vidros nos corredores que permitem a entrada de iluminação natural e ventilação muito satisfatória.
Curiosidade e questionamentos
A nova sede contribuirá para enriquecer os planejamentos e estratégias dos professores. Serão cinco blocos com diferentes abordagens para os alunos – o principal, aposta na interatividade e na mão na massa. Os ambientes estarão disponíveis ao aprendizado dos alunos, com ferramentas tais como impressora 3D, ilha de robótica e videomaker.
Toda a identidade visual dos espaços também celebra um novo olhar sobre as coisas. “Criamos um universo gráfico com uma enorme gama de cores e símbolos, com diferentes significados, estimulando diferentes interpretações e questionamentos. Cada intervenção foi projetada especialmente para as diferentes áreas do colégio, levando em consideração as faixas etárias dos alunos”, comenta Nitsche.
Em cada ambiente, uma série de diversos profissionais trabalhou em conjunto para alinhar o mobiliário, sinalização e harmonização das cores aos aspectos pedagógicos, de faixa etária e questões e símbolos da cultura judaica – que nortearam o projeto e o tornou único.
Instalações
Em São Paulo desde 1922, o Renascença buscou os moldes para o novo empreendimento nas principais escolas ao redor do mundo, visitadas por uma equipe pedagógica que estudou os diferentes modelos durante três anos. O resultado contou com a vivência dos educadores em instituições de Israel, Inglaterra, Espanha, Itália e Finlândia.
Como resultado, os 1200 alunos esperados para o novo momento da instituição perceberão uma escola ampla, iluminada e convidativa. “Toda a construção inspira-se na transparência e visibilidade garantindo educação colaborativa e metodologia de investigação. Salas modernas e equipadas com tecnologia de ponta, laboratórios, biblioteca, refeitório, cantinas, teatro, lounges, sinagoga, área verde, quadras e muitos espaços para convivência”, explica João Carlos Martins, Diretor Geral do Colégio Renascença.
Os estudantes também terão à disposição um laboratório de novas ideias, o Espaço Makers que tem como objetivo aguçar a criação, pesquisa e o uso das novas ferramentas da tecnologia. Além disso, cada sala de aula contará com lousas interativas, laptops e outros aparatos tecnológicos pensados para cada faixa etária.
No entanto, com forte participação na história da comunidade judaica na capital, o Renascença integrou ao moderno projeto de Birger, a identidade tradicional e religiosa, com a construção de uma sinagoga, que se expandirá como um serviço à própria comunidade, possibilitando celebrações maiores, como cerimônias e festas para Bar/Bat Mitzvá, casamentos e outras comemorações.
O lazer e a cultura também foram privilegiados, com um teatro para 400 lugares, equipado com o que há de mais moderno tecnologicamente. E duas quadras poliesportivas descobertas, ginásio poliesportivo, campo de futebol society. Para atender aos alunos e a própria comunidade, garagem com 200 vagas. Além de um polo educacional, a nova sede será também um polo cultural para toda a comunidade judaica de São Paulo.