Com 100m², o novo espaço da KURA na Oscar Freire combina arte e sofisticação em ambientes acolhedores
Abrigar o novo espaço da KURA, consultoria de arte pioneira fundada por Camila Yunes Guarita, na rua Oscar Freire, em São Paulo, foi a missão concedida para o escritório de arquitetura KAS ARQ. Desenvolver um local apropriado para a exposição de obras de arte que proporcionasse, ao mesmo tempo, o acolhimento e a sofisticação de uma casa, era a premissa do projeto que ficou a cargo da equipe liderada por Klaus Schmidt.
Salas de reunião, áreas de trabalho e espaço destinado a receber colecionadores e parceiros distribuem-se nos 100m² do imóvel, totalmente reconstruído para dar lugar a ambientes modernos e funcionais, sem renunciar ao aspecto de ‘casa’, facilmente percebido já ao adentrar. Ali, um cubo revestido de madeira, do piso ao teto, transmite a sensação de conforto que o projeto pedia. “Para dar ênfase ao volume e realçar sua atmosfera residencial, tudo lá é de madeira: paredes, forro, piso, biblioteca e persianas. Nossa escolha foi pela sucupira em ripas, cuja cor mais escura cria um contraste interessante com o branco do entorno. O assoalho de madeira delimita esse ambiente, como um tapete sobreposto ao piso de cimento branco”, revela Klaus.
Para realçar a atmosfera intimista, no lounge a iluminação é mais amena e possui tonalidade aquecida. “Nosso objetivo com isso foi enfatizar que não se trata de um espaço exclusivamente expositivo e sim de um lugar para receber e conversar”, pontua Schmidt.
Os demais ambientes, destinados à exibição de arte, aproximam-se do conceito de ‘Cubo Branco’ cunhado por Brian O’Doherty (1928-2022): geometria espacial simples, paredes brancas e iluminação controlada. Para isso, o forro foi demolido para aumentar o pé-direito e ganhar amplitude visual, o que proporcionou imponência ao espaço, além de possibilitar a exposição de obras de arte de maior porte.
A fim de decorar e quebrar o branco absoluto dos demais ambientes, há detalhes em madeira distribuídos pelos móveis e paredes. É o caso da parede que divide a sala de trabalho da sala de reunião, construída com cobogós. Esse elemento simples, comumente encontrado em construções modernistas, ganhou um novo significado ao ser decorado com a madeira sucupira e a cortina de linho, a qual pode ser fechada quando se quer maior privacidade. Klaus explica que “por se tratar de um elemento vazado, o cobogó exerce a função de separar as salas sem perder a conexão visual entre elas e, por isso, optamos por ele para não perder amplitude no local.”
A escolha dos móveis e acabamentos dão o toque final ao novo escritório. Dutos galvanizados aparentes trazem um aspecto mais industrial, mas esses coexistem com elementos sofisticados, como persianas de madeira natural e cortinas de linho, conferindo um contraste elegante e uma atmosfera íntima e acolhedora. Nesse contexto, a escolha do mobiliário ganha proeminência. Móveis modernistas dos anos 1950-1960, adquiridos em antiquários, dialogam com peças de design contemporâneo, criando um choque intencional de estilos, formas e materiais. No lounge, o sofá vintage de Percival Lafer e o par de poltronas de José Zanine Caldas dividem espaço com a mesa de centro do jovem designer Lucas Recchia, confeccionada em bronze e vidro fundido. Nas palavras de Klaus Schmidt, a combinação incomum de materiais, acabamentos e mobiliário conferem personalidade única à nova sede da KURA.
KAS ARQ – @kas.arq