Os pisos em rotação permitem um jogo de orientações e experiências para os apartamentos, com diferentes pontos de vista para a paisagem
Urbanisticamente, o projeto desenvolvido pelo Escritório Just An Archetect, sob o comando do arquiteto João Abreu, atende a duas escalas distintas na composição do edifício Torre 261, em Amarante – Portugal. A Norte, uma escala de edifícios de quatro e cinco pisos, a Sul pelo cruzamento de uma via de acesso ao Parque do Rossio, após o quê a escala muda para um pavimento de dois pisos e tipologia de habitação familiar.
Para que não haja empenas planas e rígidas e procurando nos relacionar com as várias influências do entorno, supomos uma rotação dos pisos levando esse deslocamento a quatro andares distintos que ocasionam movimentos e sombras particulares. Esta rotação permite um jogo de diferentes experiências em que as orientações dos apartamentos são diferentes e com diferentes pontos de vista em contato com a paisagem envolvente.
O desenvolvimento do edifício acompanha no piso térreo o angulo que o lote descreve até a nascente, partindo desse ponto as torções do corpo habitacional, assumindo o corpo de comunicações verticais como o elemento agregador que fecha a fachada de rua de forma regular, mas com o seu revestimento visualmente permeável, revela a evolução do edifício nos restantes alçados. A proposta desenvolve-se transversalmente ao terreno, permitindo um maior aproveitamento da exposição solar e também uma menor necessidade de movimentação do solo.
A forma assumida assenta na compreensão do local e da sua envolvente, sendo que o piso térreo procura uma relação mais honesta com o terreno, assumindo uma regularidade em relação à frente de rua, permitindo assim que os restantes pisos fossem refletindo as várias influências do entorno, criando diferentes pontos de enquadramento para cada piso e as habitações, conferindo-lhes um caráter único e distinto, sendo cada habitação um elemento com identidades e características próprias. Este jogo de volumes não só provoca enquadramentos paisagísticos distintos, como permite espaços exteriores únicos, visto que este espaço está sempre intimamente ligado à relação entre a cobertura do piso inferior e a laje do pavimento do piso superior.
Neste contexto, o vão da escada e as comunicações verticais desempenham um papel importante na medida em que definem a frente de rua, agregando todos os pisos e estabilizando um alçado bastante marcado pelo movimento e tensões decorrentes dessas torções. A proposta inclui um programa com 4 apartamentos de 2 quartos e dois de 3 quartos. Nos apartamentos de 2 quartos, todos desenham as suas circulações no interior do piso, deixando sempre a zona da fachada para os quartos, permitindo-lhes estar em contato com a paisagem e integrá-la como parte da decoração. O mesmo conceito de integração paisagística foi transposto para o de 3 quartos, que ocupa todo o piso e permite a circulação desde o hall de entrada da casa para definir claramente o espaço mais público e mais privado.
Arquiteto João Abreu – Escritório Just an Architect – www.justanarchitect.com – @jaa.just.an.architect