Projeto da Casa Terra Arquitetura une tradição francesa e sustentabilidade na Vivant Padaria Artesanal

Em uma casa dos anos 60, reformada pelo escritório Casa Terra Arquitetura nasce o projeto arquitetônico da Vivant Padaria Artesanal, assinado pelas sócias Giuliana Bello e Duda Furlan. Os clientes trouxeram como referência as boulangeries tradicionais francesas, motivados pelos estudos de panificação. O desafio do projeto foi adaptar o imóvel antigo às novas necessidades dos espaços internos – recepção e cozinha industrial e ao mesmo tempo criar um ambiente sofisticado e funcional, que atraísse os moradores e ‘caminhantes’ da região dos jardins, bairro nobre paulista.  

As sócias do Casa Terra Arquitetura trouxeram o conceito upcycling para o projeto e optaram pelo aproveitamento dos materiais já existentes na casa, como madeira, tijolo aparente e granito, resultando numa paleta terrosa e natural. Novos elementos também foram utilizados como a instalação elétrica aparente, janelas e portas de vidro e esquadrias e paredes em verde claro. Um balcão construído a partir de móveis garimpados trazem personalidade ao ambiente interno. Objetos pessoais dos sócios da Vivant Padaria Artesanal complementam a decoração.

Recém-inaugurada em uma esquina movimentada dos jardins, na cidade de São Paulo, o projeto arquitetônico da Vivant Padaria Artesanal chama atenção. No primeiro plano, uma estante expõe os pães do dia – baguete, croissant, brioches, caprese, danish e em seguida o salão com o balcão de venda dos produtos. As esquadrias e paredes em tons de verde, que emolduram a janela de vidro da vitrine, acompanham a cor da marca Vivant na fachada.  

A entrada da Vivant, na rua lateral, ganhou uma porta de vidro com barrado em verde claro e um toldo bege como moldura, evocando o estilo tradicional francês de Provence. A opção pelo vidro na janela-vitrine e na porta de entrada permite ampla visão da parte interna e ótima iluminação natural. Um extenso balcão de tampo de cimentício com o corpo revestido de gavetas e puxadores antigos, de vários estilos e formatos, ‘recepciona’ os clientes. Este mobiliário integra o ambiente em toda a sua extensão – da vitrine de exposição de pães até a antessala da cozinha, toda de vidro, que permite visualizar e acompanhar a fabricação dos pães de fermentação natural. 

O balcão merece descrição mais detalhada. O móvel de cinco metros de extensão ganhou portas-gavetas, construídas a partir de cômodas antigas, resgatadas e garimpadas em antiquários da avenida São João, região central de São Paulo. “O móvel foi pensado por nós como um elemento protagonista do projeto, responsável por integrar o ambiente. Como foi construído manualmente, reforça a essência artesanal da Vivant. Projetado também para acondicionar as peças do dia a dia da padaria como utensílios, embalagens e servir aos funcionários que atendem os clientes, sem impedir a apreciação dos produtos”, afirma Duda Furlan. 

Soluções arquitetônicas sustentáveis

Cada projeto é único e traduz a história do cliente e do lugar. Na Vivant, a proposta era manter a originalidade da construção com o reaproveitamento dos materiais; imprimir um clima artesanal aliado a soluções sustentáveis. A harmonia entre estética e responsabilidade ambiental, uma das características do Casa Terra Arquitetura, também inspirou o projeto.

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“Durante a etapa de projeto entendemos que deveríamos intervir na casa de maneira harmônica, respeitando e valorizando a idade do imóvel, para isso deixamos os tijolos aparentes, evidenciando os materiais e técnicas construtivas da época. Outro elemento que foi descoberto no processo de reforma da obra foi o assoalho de madeira do pavimento superior, belo e intacto. A madeira seria mais um elemento que reforçaria a identidade do imóvel, em contraponto com a nova intervenção”, explica Giuliana Bello.

Nesta atmosfera da década de 60, as arquitetas ainda precisaram fazer outras adaptações técnicas no imóvel, para atender a cozinha industrial. As instalações elétricas aparentes, foi uma solução que deu certo. A nova iluminação industrial também enfatizou o clima contemporâneo e funcional do ambiente – da recepção à cozinha. Estas alternativas arquitetônicas contribuíram para diminuir o tempo e custo da obra, evitando novas intervenções estruturais.

A premissa do projeto foi aliar as referências das boulangeries provençais à uma construção contemporânea baseada na preservação e reutilização dos materiais, com o menor impacto ambiental possível. Estas foram as motivações que levaram Giuliana e Duda a optarem por criar um móvel a partir do garimpo de móveis antigos – o balcão de pães na entrada da padaria. Para isso, elas selecionaram e desmembraram peças como puxadores e dobradiças, aproveitaram portas e partes das cômodas frentes e laterais, que foram reaproveitadas para a criação de novas peças, compondo o balcão.

Outro diferencial do projeto foi ter seguido à risca uma planilha de custo, a partir do orçamento financeiro pré-definido pelos sócios da Vivant. “Em nossos projetos, seja residencial, comercial, em condomínios ou edifícios, trabalhamos com um planejamento financeiro adequado às necessidades do cliente. Este é uma característica de nosso escritório, criar uma boa arquitetura, atendendo a demanda do cliente, conforme o budget inicial estabelecido”, acrescenta Giuliana Bello.

Casa Terra Arquitetura – @casaterra.arquitetura