A sede do PodPah ocupa três andares de um prédio na Vila Madalena e se transforma em um hub de conteúdo e entretenimento
As arquitetas Lorenzza Lamoglie, do escritório Labra, e Camila Sue assinam a sede do PodPah, um dos maiores podcasts do Brasil, apresentado por Igor Cavalari e Thiago Marques. Os estúdios ocupam um prédio de três andares, com 560 m², na Vila Madalena, em São Paulo (SP), e se transformaram em um hub de conteúdo e entretenimento. A decoração jovem e descontraída procurou manter a identidade visual do antigo estúdio, onde o Podpah começou a fazer sucesso e se tornou um fenômeno da internet.
A sede do podcast é dividida em três pavimentos: o térreo, de 140 m², abriga recepção, sala de reunião e estúdio de fotografia; o primeiro andar, de 210 m², conta com o Estúdio Podpah, lounge, escritórios e sala da diretoria; e o segundo pavimento, com a mesma metragem do primeiro, recebe o Estúdio Rango Brabo, depósito, bar, lounge e um estúdio multiuso. Todos os andares são equipados com copa e banheiros. “Seguindo a atmosfera da empresa, apostamos na integração entre as áreas de convivência e de trabalho, utilizando-se de espaços amplos, confortáveis e criativos”, explica Lorenzza.
O projeto foi idealizado do zero para o espaço. O imóvel foi entregue apenas com a infraestrutura de ar condicionado, que, inclusive, inspirou futuras soluções. As arquitetas usaram como partido o baixo pé direito e as referências industriais do antigo estúdio para decisões como laje aparente e iluminação de sobrepor. Tudo com um toque de magnitude, refletindo o novo momento profissional dos clientes.
Nos estúdios, a premissa da dupla foi aliar a estética de distintos cenários às diversas necessidades técnicas, valorizando o desempenho acústico e disponibilizando uma infraestrutura elétrica aérea não só adequada para qualquer equipamento de iluminação e captação de imagens e sons como possibilitando melhor aproveitamento da parte inferior do espaço, evitando obstáculos e intervenções visuais.
As profissionais buscaram expandir, nos três andares, a identidade visual do antigo estúdio, até como referência afetiva do local onde tudo começou. No Estúdio Podpah, onde é gravado o principal produto da empresa, a destacada estante foi ampliada e redesenhada com o intuito de levar uma novidade ao espectador. Já o cimento queimado, o piso de madeira e as faixas de sinalização, características do antigo estúdio, foram mantidos e ocuparam novos ambientes. “Também utilizamos a mesma proposta luminotécnica nas áreas sociais dos três pavimentos. E materiais já existentes, como o tijolo aparente, foram replicados em outros andares a fim de compor a linguagem visual”, comenta Camila.
A escolha das peças também foi influenciada por este conceito, destacando objetos descolados e reaproveitados e incorporando o metal em mobiliários e elementos de decoração. Um dos destaques fica por conta de um enorme e contínuo grafite colorido atravessando ambientes de trabalho como um recurso de integração e servindo também como fundo visual para gravações e postagens, assim como os demais revestimentos utilizados no projeto, como os lambe-lambes personalizados nos banheiros.
Os tradicionais autógrafos dos convidados na parede amarela do estúdio antigo agora preenchem as ampliadas paredes adesivadas da recepção, oferecendo também uma área livre para futuros convidados deixarem sua marca. “Introduzimos novas cores, como o azul e o vermelho em diferentes tons, e reinventamos o uso do amarelo e do preto da logomarca da empresa. Trabalhamos o preto, por exemplo, em diferentes texturas e materiais, fugindo do óbvio, como no uso de telhas metálicas como revestimento e no forro metálico vazado”, detalha Camila.
Camisas de futebol autografadas e outros elementos gráficos sazonais foram expostos em grandes painéis de tela metálica quadriculada (utilizadas em concretagem de lajes), que foram instaladas sobre paredes na caixa de escada e na sala de reunião.
Nos estúdios, as demandas técnicas solicitadas foram solucionadas com reuniões periódicas com especialistas de cada área. O Estúdio do Rango Bravo, por exemplo, teve como premissa a ambientação de uma cozinha aconchegante e funcional do ponto de vista técnico para as gravações. “Optamos por ambientar uma cozinha completa, com materiais de uso residencial, para conferir veracidade e funcionalidade”, explica Lorenzza.
No espaço, a cor da marcenaria planejada foi pensada para compor com a identidade visual do programa, e os detalhes em compensado aparente dão um toque descolado. Uma solução interessante foi aplicada na demanda por uma janela que não prejudicasse a luz para gravação em qualquer período do dia: a instalação de uma janela falsa com iluminação interna controlada, mantendo a aparência de uma cozinha com iluminação natural.
O grande estúdio do segundo andar foi concebido como um espaço multiuso e flexível para gravações de diversos formatos. Área técnica, acústica e infraestrutura aérea foram detalhadamente planejadas, e cortinas removíveis na cor preta foram instaladas em todo o perímetro. A multiplicidade e flexibilidade do espaço já se comprovou com a instalação, após a entrega, de um cenário móvel para um novo formato que viria a ser lançado.
Os pedidos por uma mesa de ping-pong e uma mesa para refeições foram unidos em uma mesa 3 em 1, que inclui também a opção de sinuca, otimizando espaço. “Processo semelhante ocorreu no espaço entre os dois grandes estúdios do terceiro andar, que se transformou em lounge com um bar patrocinado, servindo tanto para gravações como para uso dos frequentadores do local”, finaliza a dupla.
Arquitetura: Camila Sue – @camilasue.arq e Lorenzza Lamoglie – @labra.arq